terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Mecanização do Comportamento Humano

Antes de começar esta conversa quero deixar claro que quem vos escreve é um homem de tecnologia, analista de sistemas graduado, e amante dos avanços tecnológicos. Em momento algum questiono os benefícios que tais avanços nos trouxeram, mas a forma distorcida de compreensão de parte dos grandes decisores, e os impactos sociais e comportamentais causados por esta distorção.

Ainda sou jovem, tenho apenas trinta anos, mas foi exatamente durante estes trinta anos que aconteceu a maior revolução tecnológica de todos os tempos. No início da minha adolescência computadores eram luxo de grandes empresas, não existiam celulares e a Internet era um delírio futurista de ficção. Hoje é impossível imaginar o mundo sem eles, e aqui para nós, não sinto a menor vontade de imaginar!

O que aquele papo de distorção tem a ver com esta história toda? Concluí o Ensino Médio (na época chamado de Segundo Grau) a 13 anos, e aprendi na escola que era errado decorar as coisas, tínhamos que entender, interpretar e traduzir para nossas próprias palavras. Hoje decorar é tão fundamental a ponto de alguns professores negativarem notas pela simples troca de uma palavra por seu sinônimo.

Onde isto se relaciona com o avanço tecnológico? Antigamente um processo produtivo dependia muito das interpretações humanas, hoje as máquinas e os sistemas nos permitem acompanhar com relatórios os resultados de cada etapa, os processos estão bem desenhados, e entender deixou de ser fundamental, o importante agora é simplesmente saber obedecer uma rotina já projetada e desenhada. Aprender é coisa do passado, o sistema de ensino dos dias de hoje apenas adestra. Qualidade total para os produtos e degradação para o intelecto humano.

A distorção é justamente conceber a ideia de que obedecer é mais importante do que entender, pois ao observar a operação é perceptível que quem compreende o processo produtivo produz melhor e se sente mais realizado por conhecer a importância do seu papel. Além disto, ao transformar 95% do quadro de uma empresa em operação e apenas 5% em cargos decisórios, elevamos a distância na remuneração de tais postos. Resultado? Aumento da competitividade desleal, porque o que existe hoje não é guerra contra companheiros de trabalho, mas sim luta por sobrevivência.

Saudades do tempo em que as máquinas eram as ferramentas e as pessoas estavam no comando? O seu mundo começa nos seus próprios olhos e o poder de contagiar o ambiente está em cada um de nós. Leia, aprenda, interprete e tire suas próprias conclusões, lute por uma posição melhor sem desvalorizar as pessoas, porque desmerecer o próximo é reduzir seu próprio valor.

Não lute contra as pessoas, lute contra a mecanização do comportamento humano, afinal fomos nós quem criamos as máquinas, somos superiores a elas, e nos espelhar nelas nos reduz a um mero "hardware" que logo ficará obsoleto, e como tudo o que é ultrapassado, precisará ser substituído.

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