Hoje em dia os grandes talentos são descobertos e trabalhados desde cedo. No futebol se investe nas categorias de base desde o Fraldinha (7 a 9 anos) e o que deveria ser apenas uma atividade complementar no desenvolvimento de um ser humano ganha ares semi profissionais. A criança talentosa se torna a "porta da esperança" das famílias de baixa renda e a loteria dos olheiros e empresários.
As horas que outras crianças da mesma idade passam se divertindo sem qualquer compromisso se transformam em treino. Acredito sim que jogar futebol é uma ótima diversão para um menino, mas da forma em que acontece passa do limite da brincadeira e se torna trabalho infantil. Infância, pré adolescência, adolescência e juventude. Uma a uma as fases de aprendizado, tão importantes para o desenvolvimento do ser, são ignoradas e atropeladas.
E foi com apenas 16 anos que Ronaldo Nazário, o maior artilheiro de todas as copas, estreiou no futebol profissional pelo Cruzeiro. Encantou a todos, fez 44 gols em 46 jogos e aos 18 foi transferido para o futebol europeu. Jogava como gente grande, mas tinha o corpo franzino típico de um jovem ainda em desenvolvimento. Esperar o tempo amadurecer a musculatura antes de um trabalho mais pesado? Ahh, milhões de euros não sabem esperar...
Não vou defender as festas e baladas fora de hora, mas lhe foram roubadas a adolescência e a juventude e no lugar disto lhe deram um título de Semideus. Deixemos o puritanismo à parte, muitos de nós nesta condição teria feito algo parecido. O fato é que somando a vida pessoal desregrada com o excesso de hormônios artificiais e trabalho físico, que garantiam sua explosão em campo, o resultado não poderia ser outro: lesões físicas e emocionais.
Precoce do inicio ao fim da carreira o Fenômeno anunciou ontem, aos 34 anos, sua aposentadoria dos gramados de futebol, deixando sua marca na história do esporte mundial. Cedo demais por tudo o que ele representa, tarde demais para recuperar as fases que deixou de viver.
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